Um dos mais disputados de todos os tempos, o Brasileirão 2016 está começando a ficar marcado por outra coisa que não a forte briga pelas primeiras posições da tabela: as péssimas arbitragens. O ápice disso aconteceu na última quinta-feira, durante o Fla-Flu disputado em Volta Redonda. Flamengo vencia por 2 a 1, com a partida entrando em seus últimos 15 minutos, quando o Fluminense empatou com gol de Henrique. Bandeirinha assinalou impedimento no ato da cabeçada do zagueiro tricolor. Entretanto, o árbitro Sandro Meira Ricci, após conversa com seu assistente, decidiu por validar. O que revoltou os flamenguistas.
Estava causado o tumulto. Imprensa, times titulares e bancos de reservas, técnicos, policiais e qualquer outra pessoa que você possa imaginar, rodearam o juiz e seus assistentes. Com o circo armado, Sandro Meira Ricci claramente esperava por uma confirmação externa – algo claramente proibido pela Fifa – para saber se o gol foi, ou não, em impedimento. Após 13 minutos de paralisação, ele confirmou o que o bandeirinha já havia contestado: gol irregular. Anulou o gol e causou revolta do lado fluminense.
E o que seria mais justo? Um gol irregular, contra uma equipe que briga ponto a ponto pela liderança, ser validado, ou, depois de tudo o que aconteceu, o juiz não poderia, em hipótese algum,a alterar sua decisão feita em campo?
Pergunta difícil de ser respondida, mas que teria uma solução muito mais rápida e eficaz, caso a tecnologia fosse, de fato, aceita no futebol. Mudanças começaram a ser feitas, mas caminham à passos de tartaruga. O futebol já foi deixado para trás por outros esportes, e pode ficar ainda mais.
Pensando na tecnologia como auxilio para arbitragens, fizemos uma coletânea de outros esportes que já aderiram a iso
Tênis
Uma bolinha que vai de um lado ao outro da quadra a mais de 150 km/h, com uma precisão impressionante. Mesmo que treinado, o olhar humano não capacitado para ter 100% de precisão para marcar se as bolinhas foram dentro ou fora das delimitações da quadra.
Como os juízes estavam suscetíveis a erros, ocorriam marcações erradas, o que sempre causava discussões e bate-bocas entre tenistas e árbitros.
Pensando em resolver esse tipo de problema, em 2006 foi colocado em prática o Hawk-Eye nas partidas de tênis. Um sistema que capta a trajetória das bolinhas e aponta exatamente onde elas atingiram a quadra.
Cada atleta está munido de três desafios para cada set. Os challenges são usados quando os tenistas discordam das marcações dos árbitros. Aí entra em cena toda a tecnologia do Hawk-Eye, que mostra se o juiz estava certo ou não.
Sem perda de tempo e menos propício ao erro humano. Foi essa a solução que a Federação Internacional de Tênis encontrou para diminuir as marcações incorretas. Iniciou em 2006 e segue até hoje, cada vez fazendo mais sucesso.
Vôlei
Inspirado no tênis, o vôlei também passou a implementar a tecnologia no esporte, com algo bastante parecido com o Hawk-Eye. O processo teve início em 2012 e foi feito de forma bastante gradativa. Hoje, o sistema de marcação de bola dentro/fora funciona de forma bem comum ao do tênis.
Entretanto, além da marcação de onde a bola atingiu a quadra, no vôlei há desafios também para toque na rede e toque no bloqueio.
Futebol Americano
Este talvez seja o esporte que tenha o sistema de desafios que melhor encaixaria com o futebol.
A NFL (National Football League – a liga norte-americana de futebol americano) é uma das pioneiras quando o assunto é tecnologia auxiliando arbitragens no esporte. Realizaram os primeiros testes em meados de 70. Pelos altos custos, o sistema só voltou a ser testado em 1985, nos jogos de pré-temporada. No ano seguinte, passou a ser utilizado também na temporada regular.
Há um juiz de replay, que existe especificamente para analisar e comandar os replays. Cada equipe tem disponível um desafio por tempo. Caso perca o challenge, o time também perde um dos três pedidos de tempo. Os juízes podem levar no máximo 60 segundos para revisar a jogada, o que ajuda a não atrapalhar a dinâmica do jogo.
Futebol
O esporte mais popular do mundo, também é o esporte que mais tem resistência em aceitar que a tecnologia pode auxiliar seus árbitros.
Na Copa do Mundo 2014, a Fifa deu um primeiro passo, ao implementar, pela primeira vez em uma grande competição, o sistema de gol/não gol.
Entretanto, as outras dúvidas permanecem. Impedimento ou não? A bola saiu ou não? Escanteio ou tiro de meta? Tocou na mão ou não? Dúvidas que só podem ser tiradas com a utilização de replays.
Claro que o processo não é fácil, ainda menos curto. Porém, quanto mais tempo demorar em aceitar que, hoje, a tecnologia vem para ajudar o esporte, mais clubes serão prejudicados e menos credibilidade terá o esporte.
Ver que esses outros esportes têm sistemas de sucesso, pode ser o gatilho necessário para que aceitem. As tecnologias existem para acabar com barreiras, diminuir os problemas e facilitar nossas vidas. Outros esportes já aceitaram, falta o futebol.