A seleção brasileira de futebol masculina parte para as Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro, em busca do título inédito nesta competição. O Brasil, que já venceu 5 Copas do Mundo, 8 Copas Américas e 4 Copas das Confederações, nunca conseguiu ganhar uma Olimpíada nesta modalidade, mas é o grande favorito à conquista desta edição. Porque joga em casa, mas também porque é a equipe menos desfalcada entre aquelas que são candidatas a vencer a medalha de ouro.
Na verdade, um eventual insucesso do time comandado pelo técnico Rogério Micale nestes Jogos Olímpicos, será sempre encarado como um tremendo falhanço.
Ausências de vulto marcam Jogos Olímpicos 2016
Sem dúvida que estas Olimpíadas de futebol ficam marcadas pelas inúmeras ausências de vulto. Aliás, muitos são aqueles que questionam se o torneio se deveria realizar nestes moldes, uma vez que vários foram os times que impediram seus atletas de marcarem presença no Rio de Janeiro.
Fará sentido realizar uma competição onde supostamente deveriam estar alguns dos melhores atletas do Mundo quando, em alguns casos, quem representa as seleções são atletas de segunda, terceira ou quarta categoria? Terá alguma lógica, valorizar um torneio que é desvalorizado pela grande maioria das seleções presentes?
Estas são algumas das perguntas que pairam no ar, e que fazem com que a prova esteja a ser encarada com um descrédito generalizado. Por outro lado, o facto de o Brasil procurar desde há muito a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, dá-lhe um favoritismo acrescido. Isso e o facto de se apresentar praticamente na máxima força, ao contrário do que sucede com seus principais rivais.
Veja-se por exemplo o caso concreto de Portugal. Uma seleção que recentemente venceu a Eurocopa e que vai a jogo sem qualquer um dos campeões europeus. Pior, a equipe lusa, depois de muitas contrariedades na convocatória, foi “obrigada” a chamar alguns jogadores que alinham em divisões inferiores e até um atleta que está atualmente desempregado (André Martins).
Cristiano Ronaldo, Nani, Pepe ou mesmo a estrela em ascensão Renato Sanches, que recentemente trocou o Benfica pelo Bayern de Munique, seriam nomes que certamente dariam outro brilho a este torneio.
As principais figuras das seleções presentes
Mas praticamente todas as seleções, com exceção do Brasil, se apresentam com várias baixas em seus elencos. Desfalcados daqueles que são seus principais nomes nascidos a partir de janeiro de 1993, Argentina, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Colômbia, Nigéria, Argélia e até o Iraque, virão ao Rio de Janeiro muito longe de sua máxima força.
Veja-se por exemplo o caso concreto da Argentina. A ideia seria contar com nomes como Paulo Dybala, Matías Kranevitter ou Mauro Icardi, e pelo menos um zagueiro titular da sua seleção principal. No final, acabou precisando convocar jogadores que mal estrearam como profissionais e apelar para Jonathan Calleri como plano B para a frente de ataque.
Ou então a Alemanha. Outra das seleções que parte quase sempre como favorita a vencer todas as competições onde entra, mas desta feita não será bem assim. É que jogadores selecionáveis como Julian Draxler, Leroy Sané, Joshua Kimmich, Julian Weigl, Emre Can ou Jonathan Tah, ficaram de fora, dando lugar a atletas “desconhecidos” como Grischa Prömel e Lukas Klostermann.
Torneio de futebol nos Jogos Olímpicos está moribundo?
Perante tudo isto, é legítimo perguntar se este torneio de futebol nos Jogos Olímpicos estará moribundo? E a resposta tende a ser obviamente afirmativa. Esta competição poderá ter de ser repensada, sob pena de cair em total descrédito.
Lembre-se que o torneio se realiza entre 4 e 20 de agosto de 2016, ou seja, coincidindo com o início da temporada europeia e chegando logo depois da Eurocopa e da Copa América Centenário. Isto obriga a concluir que a calendarização da prova também não favorece a presença dos melhores jogadores.
Para além disso, a própria FIFA também terá alguma responsabilidade nesta situação. A entidade que o futebol a nível mundial, nunca mostrou muito entusiasmo em ajudar o COI a transformar este torneio numa referência da modalidade. Tanto assim é que os times podem facilmente recusar a presença de seus jogadores no evento. Poderá a FIFA ter algum receio que os Jogos Olímpicos possam concorrer com o prestígio da Copa do Mundo ou mesmo dos Mundiais de base?
Neymar na convocatória do Brasil nos Jogos Olímpicos
Não há Messi, Cristiano Ronaldo ou Zlatan Ibrahimovic, mas há Julian Brandt e Matthias Ginter (Alemanha), Ángel Correa (Argentina), Miguel Borja (Colômbia) e Neymar (Brasil). O atacante do Barcelona será mesmo a grande estrela individual do torneio e poderá ser muito importante na caminhada do Brasil rumo ao tão desejado título.
A Canarinho apresenta também sua equipe sub-23 praticamente na força máxima. As principais baixas são o goleiro Éderson e o volante Fred, que tiveram suas convocações vetadas por Benfica e Shakhtar Donetsk, respetivamente.
Para além de Neymar, destaque também para a presença de Douglas Costa, jogador do Bayern de Munique, e do goleiro Fernando Prass, do Palmeiras. Os três formam o trio de atletas com mais de 23 anos presentes na convocatória, deixando de fora Thiago Silva e Casemiro, que estavam entre os pré-convocados.
Eis a lista completa dos 18 convocados:
- Goleiros: Fernando Prass (Palmeiras) e Uilson (Atlético Mineiro);
- Defensores: Luan (Vasco da Gama), Rodrigo Caio (São Paulo), Marquinhos (PSG), Douglas Santos (Atlético Mineiro), Zeca (Santos) e Willian (Internacional);
- Meias: Rafinha (Barcelona), Thiago Maia (Santos), Fred (Shakhtar Donetsk), Rodrigo Dourado (Internacional) e Felipe Anderson (Lazio);
- Atacantes: Neymar (Barcelona), Gabriel Barbosa (Santos), Gabriel Jesus (Palmeiras), Douglas Costa (Bayern de Munique) e Luan (Grêmio).
Rogério Micale esclarece suas escolhas
O técnico Rogério Micale, anunciou em coletiva de imprensa sua convocatória e comentou desta forma a chamada de Neymar: «É um jogador com perfil diferenciado, qualidade indiscutível, qualquer treinador de qualquer seleção gostaria de contar com um perfil desses. Mas, dentro da seleção, tentamos agregar outros perfis de liderança, não se pode jogar a carga sobre um atleta só, mesmo com tudo o que ele representa. Minha expectativa é que ele corresponda. Sei do desejo que ele tem de ganhar essa medalha».
Instado a comentar também a chamada de Fernando Prass, que completa 38 anos em 9 de julho e nunca antes havia sido chamado à seleção brasileira, Micale teceu o seguinte comentário: «Tive muitas informações do seu dia a dia, do que ele representa para o grupo (do Palmeiras). Ele vem se destacando no futebol brasileiro e demonstrou em momentos como penalidades ser apto a realizar isso. Ele agrega todos os fatores técnicos mais o perfil agregador que buscamos. Queremos isso: jogadores com qualidade técnica, mas que saibam da importância de estar vestindo a camisa da Seleção Brasileira», concluiu o treinador do Brasil.
Estrutura competitiva do torneio de futebol nas Olimpíadas
Por último, convém lembrar a estrutura competitiva do torneio de futebol masculino nos Jogos Olímpicos 2016. Esta competição é disputada essencialmente por jogadores até 23 anos, com a exceção de três sem limite de idade em cada equipe.
A prova conta com uma primeira fase, em que as 16 seleções participantes são distribuídas em quatro grupos de quatro. Todos os países se enfrentam e os dois melhores de cada chave avançam para as quartas de final.
A partir daqui, em caso de empate nas partidas do mata-mata, são disputadas duas prorrogações de 15 minutos cada. Se a igualdade persistir, acontecem pênaltis. As melhores seleções de cada lado da chave se enfrentam pelo ouro, e os perdedores das semifinais disputam o bronze.
A seleção brasileira fará sua estreia na Olimpíada diante da África do Sul, às 16h do dia 4 de agosto, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. A seleção permanece na capital federal para enfrentar o Iraque às 22h de 7 de agosto. A terceira e última partida da primeira fase será contra a Dinamarca, na Fonte Nova, em Salvador, em 10 de agosto, também às 22h.
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